4 de mai. de 2012

Atalho


Hoje eu acordei e encontrei pedaço de mim ao chão
Nem me esforcei em tentar juntá-los de volta em mim
Por algum momento, pensei ter me tornado mudo
Todo o argumento da noite passada havia sumido
 Eu, apenas eu, no frio do meu escuro quarto e mais nada
Onde deixei perdida a soberania narcisista de mim
Meu cofre roubado, meu ouro de bijuteria barata
Meu manto bordado é o que ainda se agarra a mim
Minha visão embaçada, meu bafo amargo do ronco sujo
Desde, hoje para o ontem ainda sou parte jogada de mim
Para aqueles que adorariam ter certeza que cheguei ao fim
Ainda estou preso no criado mudo do seu quarto sujo
E se deveras meu grito ainda seja fraco demais, ainda respirarei
E tal semelhança metódica de um “eu” que ainda não existe
Será para todo teu sono um eterno, noturno pesadelo
Pois todo sangue exposto em meu corpo é doce e falso
Mas minhas entranhas sim, dentro do corpo ainda respiram
Chega de trocar de rosto, pintar os cabelos e disfarçar olheiras
Serei sempre a parte primordial para a sustentação da minha insônia
Que o perigo não perca a graça e que a noite seja apenas minha
Do buraco sem luz e cheio de poeira que encontro toda a minha força
Nada a mais que sorrir falso, para alguém que venha me roubar
Não tenho mais nada, além de um coração fechado e escondido
Eu, que descobri o meu eu mais morto, sei onde ainda vivo
E nunca saberei o atalho para achar o meu jeito de expirar

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