23 de set. de 2011

Depressão




Você pode acordar e fingir que está bem
Ter medo de ir lá fora e sorrir para o vizinho
Dizer bom dia ao entregador de jornal
Mas seus olhos estão inchados e vermelhos
Há vasos com rosas mortas na janela frontal
Você pode simplesmente não levantar da cama
E rezar para ninguém lembrar que você existe
Mas tem trabalho e horários a cumprir
Como burlar os olhares curiosos?
Como ser vivo quando estamos mortos por dentro?
Podre, morto, degradante, consumido pelo medo...
Pelo medo das luzes que iluminam sua solidão
Das canções felizes e do barulho das crianças do vizinho
Ter medo dos latidos irritantes dos cães
Ter medo e vagar pela casa madrugadas a dentro
Empilhar caixas de remédios e não atender ao telefone
Ter medo de alguém bater na porta e chamar por você
Não pensar no dia em que você olhou pela primeira vez para mim
Não escutar o seu disco preferido à noite inteira
Esconder todas as fotografias e não fumar muito
Nada de beber todos os dias escutando Chico
Nada de tentar ser feliz novamente
Isso pode trazer mais uma dor insuportável
Chorar... chorar... Se olhar no espelho por horas
E nunca deixar de matar parte de si todos os dias

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